Qubic e Solana: Um Avanço Técnico pela Studio Avicenne

O estúdio parisiense Avicenne, já autor de uma estreia mundial com a ponte de tokens com taxas de transferência via Wormhole, está agora a abordar a infraestrutura cross-chain entre Qubic e Solana. Um avanço importante para conectar dois ecossistemas anteriormente isolados.

Um Estúdio Web3 com Fortes Credenciais

Fundada há cinco anos em Paris, a Avicenne estabeleceu-se como um interveniente discreto mas decisivo na infraestrutura blockchain. Desde então, o estúdio expandiu-se internacionalmente, operando agora a partir de Paris e Dubai. Concebe e implementa arquiteturas de smart contracts, soluções cross-chain e produtos Web3 full-stack, com foco em segurança, escalabilidade e experiência do utilizador.

Entre as suas realizações notáveis: Usual, Lingo e Linea (Consensys), três projetos que acumulam milhões de utilizadores e vários milhares de milhões de dólares em TVL (Total Value Locked). A equipa, composta por engenheiros séniores, implementou infraestruturas em todas as principais chains: Ethereum, Solana, mas também redes compatíveis com EVM (Ethereum Virtual Machine) e além.

Uma Estreia Mundial: Ponte de Token com Taxas de Transferência Intactas

Em março de 2025, a Avicenne alcançou um feito técnico raro em colaboração com a Lingo e as equipas da Wormhole: transferir um token de Base (layer 2 Ethereum da Coinbase) para Solana preservando as taxas de transferência — um feito técnico raro, já que estes mecanismos normalmente se perdem durante a ponte.

Por que isto é um desafio técnico?

Pontes tradicionais como a Wormhole lidam nativamente apenas com tokens padrão. Tokens com tokenomics avançados, como taxas de transferência, burn automático ou mecanismos de redistribuição, apresentam um problema: a sua lógica económica interna é incompatível com protocolos de ponte clássicos, que “embrulham” o token original num wrapper genérico.

A Avicenne modificou o próprio núcleo do protocolo Wormhole para permitir que estes mecanismos funcionem nativamente após a ponte. Este feito, documentado num artigo no LinkedIn, abriu caminho para uma interoperabilidade mais rica, capaz de respeitar as subtilezas económicas dos tokens modernos.

O que isto significa para o utilizador: projetos que dependem de tokenomics complexos (redistribuição para holders, taxas de transação para financiar desenvolvimento, etc.) podem agora expandir-se por várias chains sem perder o seu ADN económico.

A Ponte: Conectando um Ecossistema Emergente à Solana

Com base nesta experiência, a Avicenne está agora a construir a Qubic Bridge, uma infraestrutura cross-chain entre Qubic e Solana. Isto é uma estreia: Qubic, uma rede blockchain focada em computação distribuída e inteligência artificial, até agora não estava conectada aos ecossistemas DeFi dominantes.

O que é Qubic?

Qubic ($QUBIC) é um protocolo layer 1 projetado para executar cálculos complexos on-chain, com consenso baseado em Proof-of-Work e uma arquitetura otimizada para IA e machine learning descentralizado. Ao contrário de Ethereum ou Solana, que priorizam smart contracts financeiros, Qubic visa casos de uso computacionais: simulações, machine learning, oráculos descentralizados.

A rede permanece pouco integrada com infraestruturas DeFi tradicionais, limitando a sua adoção por desenvolvedores e utilizadores de protocolos multi-chain.

Por que fazer uma ponte entre Qubic e Solana?

Solana (SOL) tornou-se uma das blockchains de maior desempenho para DeFi, NFTs e aplicações mainstream, graças ao seu elevado throughput (vários milhares de transações por segundo) e taxas quase nulas. Conectar Qubic à Solana permitiria:

• Acesso à liquidez da Solana: holders de QUBIC poderiam negociar, fazer staking ou fornecer liquidez em DEXs (Decentralized Exchanges) como Raydium, Orca ou Jupiter.
• Integração de casos de uso de IA/DePIN: Qubic poderia tornar-se um motor de computação para protocolos Solana em inteligência artificial descentralizada (DePIN, Decentralized Physical Infrastructure Networks) ou oráculos avançados graças ao UPoW.
• Impulsionar a adoção cross-chain: desenvolvedores Solana teriam acesso a uma camada de computação off-chain poderosa, enquanto Qubic ganharia visibilidade e utilidade real.

Arquitetura Técnica: Segurança, Composabilidade, Interoperabilidade

A ponte Qubic ↔ Solana baseia-se numa arquitetura modular e open-source, desenhada pela Avicenne para garantir segurança, composabilidade e interoperabilidade.
Adota um modelo Lock/Mint semi-automatizado, onde bots processam a maioria das transações de acordo com um Policy Engine determinístico e auditável, enquanto casos sensíveis são validados por operadores humanos dentro de um quorum multi-assinatura.

Esta abordagem garante um equilíbrio único entre automação, transparência e governação humana — em linha com a filosofia da Qubic.

1. Segurança Reforçada

As pontes são historicamente os alvos mais atacados no ecossistema Web3 (Ronin, Wormhole, Poly Network).
A Avicenne, portanto, desenhou uma arquitetura focada em segurança operacional e resiliência da infraestrutura:

• Multi-sig e quorum de Computors para todas as transações críticas.
• Bots isolados em ambientes multi-cloud (VPC) com chaves geridas via HSM/KMS.
• Mecanismos de slashing e bonding para responsabilizar os operadores.
• Auditorias independentes e código totalmente open-source para garantir verificabilidade.
  Em caso de anomalia, um mecanismo de quarentena ou rollback permite a suspensão segura das operações.

2. Composabilidade Nativa

Uma ponte é inútil se os tokens transferidos não forem nativamente utilizáveis no seu ecossistema de destino. Muitas pontes produzem tokens wrapped incompatíveis com os principais protocolos DeFi, criando fricção e limitando a adoção.

A ponte torna os tokens QUBIC nativamente utilizáveis dentro do ecossistema Solana.

Graças a um programa Rust Mint/Burn compatível com os padrões SPL (Metaplex, Token-2022), os QUBICs transferidos podem interagir diretamente com os principais protocolos DeFi: AMM, lending, staking sem wrapping intermediário ou perda de compatibilidade.

Cada transação mantém a sua integridade económica e histórico de atestação, garantindo rastreabilidade transparente dos fluxos inter-chain.

3. Interoperabilidade Estendida

Uma ponte não é um produto fixo. Protocolos evoluem, novas chains surgem, as necessidades dos utilizadores mudam. A arquitetura deve adaptar-se sem exigir uma reformulação completa.

A Qubic Bridge foi desenhada com uma arquitetura modular inspirada nas melhores práticas da Wormhole, mas construída à medida:

• Relayers modulares permitindo adicionar compatibilidade com outras redes (Base, Polygon, Arbitrum)
• Policy Engine independente facilitando atualizações das regras de validação sem reimplantação total
• Open-source para incentivar contribuições e auditorias da comunidade

O objetivo a longo prazo: tornar Qubic um hub de computação multi-chain, onde cada ativo ou dado pode fluir de forma segura e governável, sem depender de um operador central.

Contexto de Mercado: A Ascensão das Pontes e Soluções Cross-Chain

O mercado de soluções cross-chain está em forte crescimento. Segundo dados on-chain da DefiLlama (outubro de 2025), as pontes totalizam cerca de $8 a 10 bilhões em TVL, apesar de hacks históricos que arrefeceram alguns investidores.

Principais intervenientes:

• Wormhole: $2.5B TVL, multi-chain (Solana, Ethereum, Sui, Aptos).
• Stargate (LayerZero): $1.8B TVL, focado em EVM.
• Axelar, Synapse, Celer: soluções especializadas para ecossistemas específicos.

O desafio: cada nova ponte tem de provar a sua segurança, liquidez e velocidade para atrair utilizadores. O histórico da Avicenne (sem incidentes de segurança conhecidos, projetos com TVL de 9 dígitos) confere-lhe uma credibilidade rara.

Comparação: enquanto a maioria das pontes se limita a “embrulhar” genericamente um ativo ou mensagem, a Avicenne desenha uma arquitetura capaz de integrar nativamente a lógica dos objetos transferidos (atestados, regras de validação, assinaturas, restrições de execução), em vez de apenas uma transferência padronizada.

O Que Isto Significa para o Ecossistema Cripto

A Ponte ilustra uma tendência chave: a especialização das blockchains e a necessidade de interoperabilidade perfeita. Em vez de centralizar tudo numa única chain (Ethereum, Solana), o futuro parece multi-chain, com redes especializadas (computação, DeFi, gaming) conectadas por pontes robustas.

• Para Qubic: acesso à liquidez e ao ecossistema Solana, aumento de visibilidade.
• Para Solana: enriquecimento dos casos de uso com uma camada de computação IA/DePIN.
• Para desenvolvedores: um exemplo técnico de ponte avançada e open-source que pode inspirar outros projetos.

As pontes tornam-se a infraestrutura crítica que permite que estas especializações coexistam e se reforcem mutuamente.

Uma Aposta Técnica Ambiciosa

A Solana Bridge dá continuidade à inovação técnica liderada pela Avicenne. Ao conectar uma rede de computação distribuída (Qubic) a um dos ecossistemas DeFi mais dinâmicos (Solana), o estúdio parisiense aposta num futuro multi-chain e especializado, onde cada blockchain desempenha um papel preciso numa infraestrutura global.

O seu sucesso dependerá da execução técnica, da qualidade das parcerias e da adoção pelas comunidades Qubic e Solana. Mas o projeto ilustra bem os desafios e oportunidades do desenvolvimento de infraestruturas cross-chain em 2025: complexidade técnica crescente, requisitos máximos de segurança e a necessidade de uma abordagem holística que combine tecnologia, produto e distribuição.

Mas com um histórico sólido e expertise rara em cross-chain, a Avicenne tem as cartas para ter sucesso neste novo avanço técnico.