Investidores chineses estão tomando empréstimos recordes para comprar ações locais, sinalizando um novo apetite por risco nos mercados globais. No entanto, os traders de criptomoedas estão em um estado de “esperar para ver”, mesmo com a alavancagem nas bolsas de valores da China continental atingindo níveis não vistos desde 2015.
De acordo com a Bloomberg, as operações de margem em aberto no mercado de ações onshore da China subiram para 2,28 trilhões de yuans (US$ 320 bilhões) na segunda-feira. O número superou o pico anterior de 2,27 trilhões de yuans registrado durante a febre das ações em 2015.
O trading de margem, que permite aos investidores tomar empréstimos de corretoras para comprar valores mobiliários, é usado nos mercados de ações como um indicador de confiança e apetite por risco.
Ganhos do mercado chinês impulsionados por ventos favoráveis de liquidez
Segundo dados do Trading Economics, o CSI 300 Index subiu 10% em agosto, seu maior avanço mensal desde setembro de 2023, quando uma iniciativa política liderada pelo governo impulsionou brevemente as ações. O desempenho também fez dele um dos principais benchmarks globais no mês passado.
O Shanghai Composite Index subiu 15% este ano, superando o avanço de aproximadamente 10% do S&P 500, enquanto o CSI 300 acumulou alta de 14%. Economistas da Bloomberg acreditam que o aumento foi causado por taxas de juros baixas, rendimentos de títulos contidos e falta de alternativas de investimento atraentes dentro da China.
Corrida do mercado é visível, mas traders de cripto agem com cautela
A tendência de alta na alavancagem de ações ainda não se traduziu em comportamento agressivo nos mercados de criptomoedas. Os traders costumam usar as taxas de financiamento perpétuo como um proxy para a demanda por alavancagem, já que o setor não possui uma medida padrão concisa de dívida de margem.
Atualmente, as taxas de financiamento para as 25 principais criptomoedas variam entre 5% e 10%, o que indica um sentimento moderadamente otimista. Enquanto isso, o índice de medo e ganância das criptomoedas está neutro em 49, e os participantes do mercado aparentemente evitam os excessos vistos nas ações.
Fatores sazonais também podem estar moderando o entusiasmo por uma alta do mercado de ações observada nos mercados asiáticos. Dados do CoinGlass mostram que o Bitcoin caiu em oito dos últimos 12 meses de setembro.
Haverá um pano de fundo econômico?
Alguns analistas alertam que as condições atuais diferem daquelas durante o último surto de dívida de margem. A plataforma de pesquisa MacroMicro observou que o novo recorde ocorre em meio a um crescimento econômico lento, em contraste com 2015, quando a expansão do PIB era mais significativa.
“CSI 300 em máximas de uma década. Dinheiro emprestado perseguindo ações em uma economia em retração”, publicou a empresa no X, acrescentando que este rali parece mais comedido, com participação além de tecnologia e chips, apoiado por uma grande base de depósitos.
O rali da China ocorreu em meio ao relaxamento das tensões comerciais com os Estados Unidos, o que acalmou o sentimento dos investidores. Mas, para alguns economistas, as opções de investimento limitadas no país forçaram famílias e instituições a comprar mais ações.
“Para famílias e instituições na China, eles não têm muitas opções,” disse Shujin Chen, economista da China na Jefferies. “As A-shares se juntaram à festa global.”
Valorização do renminbi frente ao USD ‘enviando sinais’
De acordo com o Financial Times, a moeda chinesa, o renminbi, acelerou 2,3% para Rmb7,14 por dólar em 2025. O movimento ocorre após vários anos de fraqueza em relação ao dólar americano.
Mitul Kotecha, chefe de estratégia de câmbio e mercados do Barclays, disse que a valorização pode ter peso diplomático. “Está enviando um sinal para os EUA”, disse ele. “A China quer, pelo menos de boa fé, mostrar que não pretende desvalorizar a moeda.”
No entanto, em comparação com outras moedas importantes, o desempenho do renminbi ficou para trás. O euro ganhou 13,2% e o iene 6,2% em relação ao dólar este ano.
“Parece muito provável que [autoridades dos EUA] tenham discutido essa questão e incentivado os países a permitir que suas moedas se valorizem”, disse Andrew Tilton, economista-chefe da Ásia-Pacífico no Goldman Sachs, ao FT.
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